quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Ferros ao mar... casa de peixe!

fotografia executada em 2007
A imagem ao lado é o que restou da proa de um navio grego chamado de Mount Athos. O gigante encalhou no final da década de 60 (março de 1967), deixando sua carreira de cargueiro de lado. No interior havia adubo... e por ali encerrou sua história de navegação. Os restos deste, e de outros gigantes, se encontra no mesmo lugar que um dia foi abandonado. As histórias são parecidas, barco encalhado, barco a deriva por problemas mecânicos de leme ou motor. O mar bravo da costa gaúcha se encarrega de jogar as embarcações contra a margem. Uma vez de encontro a ela... dali raramente são retirados pelo custo e dificuldade. Infelizmente para seus proprietários, mas felizmente para os peixes e para os pescadores, estes gigantes de ferro transformam-se em "residências" de peixes variados. Garoupas e outras espécies desfrutam destes locais permanentemente... outras como corvinas e burriquetes, também miraguaias, passam por eles e fazem pausa para alimentação. Especula-se que algumas espécies utilizam estes até mesmo para reprodução, mas é informação imprecisa. A verdade é que se percebe grande quantidade de alimento junto destes naufrágios, mexilhões, caramujos, caranguejos, pequenos crustáceos, siris usam estes recifes artificiais para abrigar-se e fixar-se. Tais seres vivos atraem grandes quantidades de peixes passageiros. 
Por volta do ano 2000, pescava com meu pai ao redor deste navio com mar baixo de nordeste, quando ele perguntou pra mim. "Tu tá jogando a linha tão pertinho... vai trancar!" 
O lugar de pesca era a apenas 5 metros da areia seca... ao lado do navio, por toda extensão, havia uma valeta escura que denunciava profundidade incomum. Cheguei pertinho com o caniço e praticamente deixei a chumbada escorregar o barranco dentro dágua até que chegasse ao fundo. A profundidade era de mais ou menos 2 metros, água gelada e turva. Caminhei de volta até o calão descanso do caniço e estiquei a linha para acompanhar a ação de algum peixe. Nestes lugares a quantidade de peixes pequenos e siris é tão grande que se recomenda recolocar a isca a cada 5 minutos. Era uma ação de pequeninos atrás da outra... corvininhas com um palmo que obviamente voltavam para a água. Em uma das vezes, recoloquei a isca ao lado do navio como na primeira oportunidade. Percebi que naquele momento não havia ação de peixes pequenos... estranhei e até pensei que estivesse para dentro do casco do navio, em algum lugar que os peixes não acessavam. Foi então que vi uma pequena tremida na ponta da vara que me deixou tranquilo de que estaria pescando. Enquanto pescava, ajoelhei-me para desenterrar um marisco ou tatuíras. Então como o canto de olho percebi que algo balançou firme e diferente. Olhei para cima e vi o caniço envergado com a ponta para o navio. Corri para o caniço e senti o peso do peixe. Em seguida o retirei da água... era uma corvina de aproximadamente 3 kg. Meu pai ficou muito surpreso de que houvesse um peixe assim tão na beira da praia. E eu disse... navios são mágicos! Nos navios vc pode acreditar que nos cantos mais desmerecidos pode haver peixe de bom tamanho. Navios são casas para peixes... esta foi uma história que jamais esqueci, de verdade, nem mesmo eu acreditava que poderia haver peixe tão perto do seco. Bastou uma valeta de 2 metros de largura por 2 metros de profundidade para uma corvina encontrar o caminho da refeição. 

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