segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Finalizando peixe grande - muita atenção!

Bacopari, 2006.
Este é o assunto que todo mundo acha que é fácil de resolver e que em muitos casos que presenciei vi problemas... Não é fácil finalizar o peixe de grande porte. Quando o peixe não pode mais ser puxado pra fora dágua com a linha, já entra no assunto de "finalização de grande peixe". Muitos são os pescadores que utilizam dois ou mais anzóis e neste caso é que reside um dos problemas. Se tratando de segurança nós sabemos que anzol é um equipamento que deve ser manipulado com cuidado. Iscado ou não, o anzol é risco iminente para quem se aproxima dele. Quem pesca com um anzol só pode pular esta parte do anzol, mas eu acho que vale a reflexão a respeito do tema pq pode evitar acidentes. Evitar acidentes com anzóis é de grande valor, pois muitos dos lugares de boa pescaria também não possuem recursos médicos. Escrevi este texto simples para que as pessoas pensem a respeito, faço sugestão de como reduzir estes problemas da pescaria, mas muitas soluções virão das suas reflexões que cercam seu modo de pescar. 

Anzol e Peixe
Não há o que fazer para proteger vc e seus colegas de um anzol afiado, pois anzol sem ponta não é interessante, contudo o entorno da questão pode ser melhorado. Primeira questão é entender a cumplicidade entre o pescador que esta no controle da carretilha ou molinete no ato de recolher a linha e o parceiro que vai entrar na água para pegar o peixe. Não é possível controlar perfeitamente o peixe para que ele não corra quando o finalizador entrar na água, mas vc sabe o que não pode fazer e ajudar na orientação do colega. É importante este sincronismo... O parceiro até pode guiar-se pela linha, mas jamais deve segura-lá, sob risco de machucar-se ou romper a mesma que garante a captura. Fazer o raio de pesca na finalização é uma alternativa... por exemplo, mar correndo de nordeste e o pescador não acompanha totalmente o peixe. Com tal situação o peixe ficará adiantado em relação ao pescador... a linha formará um ângulo com a praia. Isto reduz muitos casos de estouro de linha, primeiro pq temos mais linha para esticar, e depois pq temos uma liberdade um pouco maior do peixe para correr de volta ao mar. Esta alternativa é muito boa para cansar o peixe, mas o pescador deve manter o recolhimento na medida em que o peixe se cansa. A finalização é um processo natural... quanto mais cansado, maior a chance do peixe sair. Se o peixe esta em um lugar que ele não sai sozinho, tente conduzir para um local que ofereça esta condição. Use a corrente! Se ele sair sozinho da água, o risco de acidentes cai para quase zero, especialmente nestes casos de pesca com dois ou mais anzóis. Se o peixe é grande, muitas vezes ele não sai mesmo... corvinas e outros peixes com até 10 kg são tranquilos de finalizar sozinho, mas acima disto fica complicado. Quando o peixe é grande mesmo, mesmo cansado ele fica naquele vai e vem da corrente e se o lugar é fundo e agitado, mesmo na beira, pode ser muito difícil para retirar sozinho. Se o local é raso e afunda gradativamente vc pode até ensaiar a remoção, mas se possui buracos fundos, pode estar em uma situação arriscada de correnteza, caniço na mão e peixe passeando com um anzol extra bem a sua volta. Se a situação pede o coleguismo... então o finalizador entra observando a linha e se houver arranque superior a 0,60mm, esta pode ser a alternativa para sacar o peixe dágua sem riscos. Se o peixe ainda for grande demais para isto, ou se não houver arranque próximo do empate, então o finalizador terá que entrar na água para "grudar" o peixe. É importante saber a espécie... pelos motivos que explico mais adiante neste texto. E ser experiente neste momento faz a diferença, mas experiência é algo que surge com o tempo e ninguém nasce experiente. Em alguns casos já finalizei sozinho peixes bem grandes, mas por este motivo eu mantenho o empate bem forte, pois é nele que confio a finalização. Quando a linha é 0,80mm, vc segura a mesma girando-a em torno da mão para firmar. Não faça isto enrolando no dedo, pois peixes pesados e fortes podem até lhe quebrar um dedo assim. 
Pra finalizar o peixe não é preciso dizer que ele deve estar cansado... peixe cansado diminui a possibilidade de uma corrida repentina. Além do mais, enquanto o peixe possuir forças é válido aproveitar este momento. Oportunizar a remoção imediata do peixe que esta ainda vigoroso, pode acarretar na perda. Primeiro pq vc vai precisar fazer mais tensão na linha e depois pq ele se mexe de forma mais intensa... intensidade na beira da praia aumenta o risco de desengate do anzol da boca do peixe. Se for peixe de escama, ao virar de barriga pra cima vc perceberá que ele tende a se acalmar. Peixe que se debate menos oferece menos risco. Se for peixe de escama como corvina, miraguaia e outros cuja as brânquias não possuem cortantes, a melhor coisa é grudar o peixe firmemente por elas. Se vc pretende soltar o peixe, jamais pegue-o pelas brânquias, pois causará uma lesão nas mesmas e elas são vitais ao animal. Para casos de soltura, a alternativa é o passaguá (aquela rede com cabo que tem outros nomes também). O problema do passaguá é a possibilidade de enrosco com anzóis e chumbada, mas se vc não tiver pressa de resolver isto, esta é a alternativa mais segura. Infelizmente não há uma melhor forma que sirva para todos os casos... pois arraias grandes, a exemplo, geralmente não cabem em passaguá e quando cabem acabam enroscando o esporão na rede. Por isto é importante o pescador saber com qual peixe esta lidando... pq cada um terá uma finalização. Arraias grandes costumam dar muito trabalho quando chegam na beira da praia e o pescador já esta cansado da briga. Isto requer muita atenção... e a melhor alternativa é finalizar no encalhe, mesmo que demore. Manter o peixe próximo da praia é uma alternativa para cansar o mesmo... se vc estiver atento as ondas e correntes, pode usar as mesmas para finalizar o peixe. Quando o peixe estiver próximo da finalização, force-o a pegar a onda. Ele virá com a água, mas no retorno da água vc tensiona a linha sem desafiar o limite da mesma. O peixe deve ficar no seco ou quase... para arraias e violas esta é a melhor alternativa. É relevante destacar que várias espécies estão ameaçadas de extinção e/ou proibidas. Tudo bem que vc não consiga escolher o peixe que vai pegar no anzol, mas vc pode finalizar o peixe com integridade para soltura. As violas, de maneira geral, podem ser finalizadas quase da mesma forma que arraias. A diferença é que se vc pisar no bico da viola ela ficará mais fácil de controlar e remover o anzol com maior segurança. As arraias contam com o esporão (a maior parte delas) e a melhor alternativa é puxar para longe dágua por meio das narinas superiores. Fique atento ao esporão, pois ela tem boa mobilidade da cauda... e fará o possível para usar em sua própria defesa. As arraias podem ser viradas de barriga pra cima, pois assim vc visualiza o anzol e o esporão fica menos "perigoso". Peixes com esporão, tais como arraias e bagres grandes são sempre um problema na finalização. O poder de penetração destas defesas é realmente grande sobre a pele humana e o problema será grande se ocorrer o acidente. Muitas vezes a pescaria acaba ali... então todo cuidado é importante. Tem acidentados com esporão de peixes que levam meses para resolver os problemas destas feridas, portanto quem tiver este tipo de problema deve procurar um atendimento médico. 
Em todos os casos, o pior problema da finalização é o anzol, mas esta questão do esporão de alguns peixes é realmente preocupante e sem a devida atenção dos pescadores... e de fato, resulta em muitos acidentes. Não há regras de como fazer uma finalização, mas vc pode fugir dos problemas relatados por colegas ou experiências anteriores. Há formas diferentes para fugir de imprevistos ou para finalizar grandes peixes, mas o que importa é a sua reflexão sobre isto. Isto é que evita o acidente!

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