sábado, 12 de julho de 2014

Pega esse burriquete seu *&$#@...

 Aqui segue uma história curiosa... Um dia fomos pescar no final da tarde em um naufrágio com a ideia de entrar noite adentro na pescaria. É muito raro uma linha se manter em ordem durante a noite, pois nosso mar tem corrente forte e com ela sempre surge muita sujeira. Esta sujeira se fixa na linha e acaba encurtando o período de pescaria... quando não arrebenta, a gente acaba ficando desconfiado que a sujeira na água próximo ao navio é tanta, que possivelmente o anzol esta coberto pela sujeira. Vc acha que esta pescando, mas não esta pescando mais nada. 
Pescaria boa aquela que as ações acontecem rapidamente, onde vc tem quase certeza de que a linha esta preservada, bem como iscas. A pescaria de prancha em naufrágios é tão técnica que não tem como ficar otimista com o passar de algumas horas, embora, algumas vezes tenhamos sido surpreendidos justamente por peixes que bateram 8 horas após a colocação da linha. É uma loteria... chama-se pescaria! E o bom é estar acompanhado de um bom amigo... para que então, o tempo passe da forma proveitosa do convívio.
Neste dia, colocamos as linhas ao final da tarde, para tentar evitar os peixes espada, que frequentemente cortam nossas linhas. A linha na água, com o reflexo, é um alvo perfeito para o ataque do peixe em questão. Não tenho fotos do peixe que descrevo, mas uma hora faço... algumas pessoas conhecem também por peixe fita. É um peixe comprido, prateado, mole e com uma dentição para ninguém botar defeito. O peixe espada é um grande predador. 
Estávamos sentados dentro do carro, o amigo Marcio e eu, conversando... as vezes, ele saia do carro, cochilei enquanto ele ficava de guarda. Depois ele entrou no carro novamente, e ficou cuidando o caniço. Ainda era dia quando o peixe bateu... horário de verão aqui no RS, 9 horas da noite é ainda um restinho de luz. 
O caniço bateu e ele colocou-se em combate. O peixe não era grande, evidente, mas não era um molenga. No combate, a favor do peixe estavam aquelas pequenas algas que vão se acumulando ao longo da linha. Tinha que remoer de tanto em tanto... linha esticada, auxiliar (eu) removendo o que dava de algas da linha 0,40mm.  Tirava um pouco, e ele gritava: "deixa eu recolher mais um pouco!" Embuchava a carretilha com linha suja... e foi indo, peixe se aproximando e se cansando. Em dado momento, não recolhia mais... a ponta do caniço embuchou com as algas e já era. O jeito agora era andar para trás, em direção as dunas, cruzando a praia. O peixe estava pertinho... no valo da beira. A beira era funda... não dava pé. E pegar um peixe no valor é uma boa pedida para perder o peixe. Eu disse para ele... "vai puxando o que dá da linha e vai em direção as dunas". Ele foi indo, e o peixe passou por mim, quando a água estava na canela... ele gritava: "a linha vai arrebentar!" Eu fazia sinal com a mão, agora era praticamente noite. Tinha que se esforçar para enxergar o peixe na água. Me aproximei do peixe... cerca de um metro, quando percebi que a linha arrebentou! Lá em cima na duna, Marcio, gritava nomes feios que eu não entendia pela distância e vento! Só o que eu entendia era "Pega". O peixe veio nadando e bateu com o "fucinho" na minha perna, naquele momento escorrei as duas mãos pela cabeça do peixe e o firmei nas brânquias. Naquele momento, com o repuxo, o peixe se debateu e cravou a dorsal na minha canela. Tenho a marca até hoje, mas não deixei escapar. Marcio veio correndo lá de cima enquanto eu saia da água com o peixe. O resultado foi este belo burriquete, pescado na praia e algumas lembranças especiais. A ferida na minha canela, provocada pela dorsal do peixe custou a cicatrizar, mas ficou ali para garantir a história, assim como as imagens. 

Um comentário:

Anônimo disse...

mto bom o relato,parabéns