domingo, 6 de abril de 2014

O farol Conceição e as histórias


As histórias de grandes peixes...

Já falei algumas vezes sobre meu desejo por pescar em lugares distantes... aqui, neste canal de entretenimento comentei isto. Quando criança sonhava com estes locais, acreditando que eles eram mágicos pesqueiros. Em parte, estes sonhos carregavam verdades sobre estes locais. Vi peixes enormes em locais como este... se a literatura científica falava de peixes com até 7 kg, em lugares vi peixes com 8 ou 9, talvez 10 kg. Exatamente como a corvina que vi neste último verão, capturada em uma rede de pesca de passeio... Um senhor com alguns peixes em um reboque, dois rapazes que o ajudavam. Encostei o carro perto do vivente e perguntei: "Pegou algum peixe bom?" Ele disse, peguei um burriquete grande. Curioso, saí do carro e fui até o reboque. No reboque havia alguns peixes, dentre eles um burriquete pequeno, com cerca de 1,5 kg. E duas corvinas... mas uma das corvinas me espantou. Olhei para ela e fiquei tentando precisar o peso do peixe... olhei para a corvina menor, que parecia pequena perto dela e usei de referência para começar a análise. A corvina pequena, igual a dezenas que já pesquei, deveria ter uns 4 ou 5 kg, era uma corvina muito boa. E a corvina grande era realmente um monstro, lamento não ter fotografado. Deixei de fotografar pq estava sozinho na beira de praia e tenho receio mostrar meu material fotográfico a estranhos, pq pode despertar nestes algum tipo de sentimento "humano".
Na busca por precisar o tamanho do peixe, falei para aquele senhor que o peixe era uma corvina, e não um burriquete como ele pensava. Ele disse pra mim, "mas deve ter uns 11 kg, não pode ser corvina deste tamanho."  Mostrei para ele que a corvina possuía formato e características muito diferentes do burriquete. Argumentei... "O burriquete e a miraguaia, que o senhor sabe ser o mesmo peixe com idades diferentes, possuem barbilhões na parte inferior externa da boca. Este peixe é dourado... não tem burriquete desta cor com este tamanho. Olhe a cauda da outra corvina, é igual, olha a cauda do burriquete, não possui o reforço central!" Ambos, pasmos, olhavam para uma corvina com mais de 10 kg. Eu nunca havia visto, embora tivesse escutado histórias de peixes grandes com mais de 12 kg, nas histórias de moradores antigos da beira de praia. Puxei o peixe para ficar paralelo a tampa do reboque e peguntei para o proprietário: "O senhor sabe a largura do seu reboque?" Ele respondeu, "este reboque tem 110 cm de largura!" A corvina não atingia o comprimento total... faltava mais ou menos uns 4 cm de cada lado, que eu concluí ser mais ou menos um metro. Levantando nos braços a corvina, pensei que ela tivesse mais de 10 kg, mas achei prudente dizer que ela deveria ter quase 10 kg, pois ninguém acreditaria mesmo... apenas meus amigos de beira de praia conhecem estes fenômenos especiais da natureza, onde o destino conspirava a favor do peixe e ele escapa de todas as redes. 

O farol Conceição

O farol das imagens é conhecido como farol Conceição, ele fica alguns km abaixo do vilarejo do Bujuru, ao sul de Mostardas e ao norte de São José do Norte. É uma região bastante isolada, onde vivem alguns pescadores e "ceboleiros", também pessoas que vivem da plantação de pinus para corte e fornecimento de madeira. Nesta região, ao que parece, o mar esta pedindo de volta a faixa de areia que é de conhecimento da Marinha do Brasil. Na imagem mais ao alto é possível observar um objeto dentro do mar, alguns destroços no meio da praia, e um farol de ferro. A história é curiosa, embora, natural! O farol da conceição é um farol que foi construído em material, possuindo originalmente base sextavada, como quase é possível observar na imagem. Aquela base, embora não pareça tão grande, deve ter uns 5-7 metros de largura, pelo menos. Já fui até ali em dias de mar baixo e coloquei a mão na base para sentir a energia da história. O "farol caído", como ficou conhecido, descansa em um lugar que um dia foi areia. Ele esta, agora, aonde era a beira de praia. A ponta mais alta do farol ainda existe, quebrada, e atinge o valo fundo. Seria um lugar muito bom de pescar se não fosse perigoso e difícil de remover a chumbada. Nesta região aflora, em toda extensão de praia, a turfa sedimentada no passado distante. A turfa foi o resultado de milhares de anos da lagoa que vinha até esta região. A lagoa em questão é a atual lagoa dos patos. Antes da queda do farol caído até o tombamento, havia na região uma lenda de fantasmas ou algo relacionado. Cuja história era contada por moradores locais antigos, algo que não consegui descobrir com precisão, pois quem contou foi morador da região que por sua vez recebeu a história do pai, já falecido. Não encontrei mais este morador, e um dia pretendo encontrar outro caminho desta história, para que então seja contada da mesma forma, se for verdade, ou esclarecida de uma maneira mais provável e completa. O farol caído, ao que entendi, era assombrado, talvez amaldiçoado pelo mar, que por vigança derrubou a obra do homem. Estas, são histórias do homem, do mar e que ganham "entornos" diferentes com o passar dos anos. Se o farol realmente era assombrado, não sei... talvez por alguma garoupa residente, talvez por gatanhões, mexilhões e outros seres vivos da região costeira. Prefiro pensar que em toda história do farol caído esteja plantada a paixão dos pescadores que frequentam a região, e que um dia estes estejam contando histórias assim a seus netos. 

Um comentário:

angela art pura disse...

show falou pesca de praia to dentro muito bom.